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OPINIÃO: Processar

Vivemos tempos em que para "resolver" as questões que envolvem algum tipo de ofensa, uma das primeiras alternativas que ouvimos é: "vou processar"!

Para abrir um processo contra alguém é importante lembrar que é preciso, primeiramente, provar que algo foi feito contra você. Não vou entrar nesse terreno, pois não sou da área do direito e poderia cometer muitos equívocos. Mas os acontecimentos recentes, envolvendo os casos notificados de toxoplasmose, divulgados em nossa cidade, me deixaram perplexa.

A notícia estava sendo publicada e, ao mesmo instante, grupos vociferavam contra os profissionais de saúde que recomendavam o cuidado com a água, pois seria uma ofensa contra a Corsan. Detalhe: o que os epidemiologistas estavam alertando eram as possíveis causas do surto da doença no município. E, sim, uma das formas de transmissão poderia ser veiculada pela água contaminada.

Logo uma confusão em torno do assunto estabeleceu-se. As informações dos epidemiologistas, Coordenadoria de Saúde, Corsan e prefeitura estavam desencontradas. Enquanto isso, a população corria, de um lado para outro, aos mercados, padarias, farmácias, bares entre outros estabelecimentos para fazer um estoque caseiro de água mineral. Cenas nada educadas foram vistas nesses ambientes, nos quais o empurra-empurra correu solto.

Sabe-se que a epidemiologia envolve justamente o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados relacionados à saúde e eventos em populações, e aplicação deste estudo para o controle dos problemas de saúde. Inclui-se nesse contexto, entre as tarefas desse profissional, o controle das doenças nas populações. Portanto, a investigação de casos suspeitos de doenças transmissíveis deve ser uma prática constante nessa especialidade.

Não tenho a pretensão de falar de sinais e sintomas e formas de transmissão da toxoplasmose nesse espaço, até porque esse assunto vem sendo muito bem esclarecido pelos epidemiologistas. Gostaria apenas de refletir qual a nossa parte nesse processo. Ficamos na posição de crítica aos diferentes órgãos ou estamos cuidamos do nosso meio ambiente evitando doenças que podem utilizar esse trajeto para transmissão? É bom lembrar que outras patologias podem estar relacionadas ao lixo doméstico (cisticercose, cólera, disenteria, febre tifoide, giardíase, leishmaniose, leptospirose, salmonelose, toxoplasmose entre outras). Os problemas sanitários ligados ao destino do lixo incluem a poluição dos mananciais, a presença de vetores (moscas, baratas, ratos, pulgas e mosquitos), etc.

Como estamos cuidando do nosso lixo? Ouço, com frequência, reclamações sobre os alagamentos, mas não vejo com a mesma frequência preocupação em não jogar garrafas pet, sacos plásticos e outros objetos que entopem bueiros e colaboram para essa situação.

No caso da toxoplasmose, sugiro tentar manter a calma e seguir as orientações, pois, certamente os profissionais de saúde não são irresponsáveis em suas considerações. Prevenir é preciso. Processar, nem sempre.

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